Friday, January 21, 2005

De entre o fumo que se avizinha, uma mancha começa a ganhar forma...sinto um arrepio...aperto as mãos e sigo em frente. Passo a fumaça e deparo-me com uma outra dimensão oposta à minha.
Passo por entre ruas e ruelas estreitas, cheias de vazos, de roupa, de senhoras nas janelas, de crianças sujas, que riem com o rolar de uma bola. Uma mescla de cheiros, de sons, mas há um que sobressai.
Acelero o meu passo, os velhos olham-me ... vou ao encontro deste som tão familiar, mas parece que à medida que me vou aproximando ele foge! As raparigas que se cruzam comigo cochicham, os rapazes assobiam, cospem para o chão e acendem um cigarro.

O som tá perto, aquela musica está quase dentro de mim, reconheceria-a no meio de Nova York, em qualquer lugar do mundo.

No fim da ruela um casebre, um tasco, um café...não sei como classificar aquele lugar, nas paredes xailes com bordados tipicamente portugueses, guitarras portuguesas, enchidos e, no balcão um senhor extremanente amável. No meio daquela pequena, mas tão acolhedora, sala encontrava-se uma jovem mulher com uma voz simplesmente bela, extasiante, que deliciava os poucos presentes. No olhar uma tristeza, uma amargura, uma saudade tão grande...

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1 comment:

João Loff said...

Andei ainda há pouco pelo bairro... e na minha imaginação formulo um pequeno mundo parecido com esse ;)