Monday, May 22, 2006

Temos Mulher: Temos Equipa

"Temos mulheres. Temos selecção. Temos bandeira. Temos encontrões. Temos sede. Temos calor. Temos desorganização. Temos brindes. Temos estaladas. Temos puxões de cabelo. Temos apalpadelas. Temos o Nuno Graciano. Temos o Figo. Temos mais encontrões. Temos sol. Temos escaldões. Temos sede. Temos fúria. Temos raiva. Temos força para levar tudo á frente.

Amigos, eu e mais seis belas gajas, estamos na parte vermelha da bandeira portuguesa que ontem foi feita pelas gajas boas deste país. Nós e mais 18 mil mulheres (mais dez mil devem ter ficado nas bancadas), demos o corpo (é que foi mesmo assim) para que se pudesse construir uma bandeira linda, cheia de mamas, de madeixas loiras e de celulite.

Esteve lá o Scolari, o Figo, o Cristiano e muitos outros. Mas o estádio só ameaçou cair quando a Floribella entrou em campo. Um, dois, três pppppaaarrraaaa cima. Um, dois, três ppppaaaarrrraaaa baixo....cantava o gajedo.

E dei por mim a tirar uma foto á rapariga para trazer para as minhas filhas. O que uma mãe faz.
Mas vamos á bandeira.
Saímos de casa ás 5 e meia da manhã. Ás oito e meia estavamos no Jamor. Nós e para aí mais mil mulheres.Rapidamente descubro que são quase todas do norte. Não há como o mulherio do norte para estas coisas.

Sem casas de banho abertas, sem cafés, o tempo foi de dormir mesmo ali á porta do estádio nacional. As portas só se abriram já muito perto do meio dia e, enquanto isso, tivemos que gramar com um pastor que tinha por função ir dizendo umas asneirolas ao microfone. Coisas do género: "Vocês são giras". "Tão aqui mulheres de todo o lado até da Régua que fica ali ao lado de Pombal". And so one.

Bancadas cheias. O sol no seu melhor. Começam os concertos e começam a entrar tipas para o relvado. "Escuteiras e ginastas", diz o pastor. Devidamente treinadas "para fazer a roda". Avante.

Três da tarde e o povo à seca. Bem, vim eu de tão longe para ficar na bancada a esturricar? Ai o caraças...
Entretanto continuam a entrar no estádio mulheres e alguns homens que não devem ter percebido que estavam a mais.
Quatro horas e a besta do azeiteiro continua a dizer ao microfone para ninguém sair das bancadas porque no relvado só estavam escuteiras. Bem, nem os responsáveis pelo Corpo Nacional de Escutas devem saber que têm tantas filiadas...

Foi o meu limite. Disse as belas mulheres que me acompanhavam que ou era naquela altura ou nunca. Descemos da bancada. Desatamos aos encontrões. Fura daqui, fura dali. Empurra de um lado, empurra do outro. Ameaças aos seguranças. Palavrões atrás de palavrões (juro que ouvi uma mulher chamar "corna" a outra....) mas lá conseguimos entrar no relvado com uma capita vermelha.

Duas horas depois a bandeira estava feita. E entremos para o livro dos recordes. Com direito a diploma e tudo. Foi bonito, pá.

Sei lá, foi cantar, dançar, bater palmas. Azeitamos ao máximo. Levamos farnel, com bolinhos de bacalhau, rissóis, presunto, broa de milho, pataniscas e vinho branco e tinto. Só faltou o arroz de tomate.

Fizemos um piquenique no relvado que vai fazer história. E, enquanto que as outras, comiam sandes, bolachinhas e se babam pelas nossas iguarias, nós enchiamos o bandulho como deve ser.

Foi lindo. No final da bandeira (com a Dulce Pontes a desafinar o hino nacional como nunca se viu), nova confusão. Mas como quem vai á guerra dá e leva, vai ser o massagista a dizer-me o que tenho no pulso esquerdo.

Contudo, alguém, em algum local deste país, também se deve estar a queixar do corpo porque o meu bolso não andou propriamente a dar socos no ar...

Mas fizemos a bandeira. Biba a selecção. Biba o Figo. Biba a Floribella. Biba as mulheres..."

in http://aminhafamiliaeosoutrosanimais.blog.com

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